sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mais vãos

Mais gritos abafados debaixo do travesseiro
das paredes
das unhas mal roídas
das veias
da carne
debaixo de todos os lugares e não-lugares

Vão para longe
Vão para a puta que pariu

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Z

A incompreensão saliva nas bocas loucas para falar
Julgamentos irracionais, instintos que palpitam em excesso em um mundo-intelecto
Queria dormir, roncar e babar afundando nesse poço de palavras que não entendo, quando sinto que vou entender acabam por pisar em minha cabeça, levando-me para baixo do poço, e mais baixo, e mais baixo...
Queria ficar lá para sempre, até mesmo sem entender o que significa “para sempre”, apenas quero ficar lá sem saber de nada.
Só quero, na irracionalidade em excesso

Certos de nada


A aurora chegou com o Sol intimidador
É o sinal
É o toque para o aparecer rasgado
"É hora de sair" com todas as letras e agressividades

Ponteiros puxam pessoas das camas
Ponteiros levam pessoas para as camas
Pessoas vão, pessoas vão, pessoas vão... vão...
Vão em vão para onde com tanta certeza?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Farinha do mesmo saco

Escuto bocas falando em diferenças através de línguas estranhas
Não consigo entender
Não vejo diferenças, apenas vejo grupos copiados entre si falando em diferenças
Apenas vejo semelhanças

domingo, 12 de julho de 2009

Espelho sem reflexo

Trancou-se no banheiro. Ela não tem um quarto para afogar as mágoas, seus filhos sim. Compartilha um cubículo com seu marido que acabara de chegar. Ela tem, eventualmente, o banheiro.
Sentou-se no vaso sanitário e deixou a angústia manifestar-se. Passou a perceber em sua volta o branco dos azulejos e a esperar uma solução súbita para tudo aquilo, "já fazem doze anos!". Ligou o chuveiro para ninguém a incomodar. Observou a água descer e correr na brusca correnteza que dá no ralo.
Um. Dois minutos.
Lembrou-se que existe o desperdício e desligou a válvula do chuveiro.
Voltou a sentar-se procurando não pensar, só focando insistentemente o branco que serve de espelho espiritual para si.
Seus olhos encheram-se de desperdícios.
Resolveu fechar sua válvula para não desperdiçar-se.
Alguém bateu na porta, acordou de súbito.
Querem usar o banheiro.
Não respondeu até a terceira chamada, após a insistência resolveu cessar e saiu sem usar o papel higiênico.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Primeiro post

Não simpatizo com primeiros posts, então fingirei que ele não existe.