segunda-feira, 4 de julho de 2011

A seção dos congelados no supermercado

Odeio sair de casa, é um martírio mesmo. Só de pensar em vestir a roupa, colocar o cabelo mais ou menos de lado, já hesito. Às vezes em vão, às vezes, quando falta o café, é necessário sair.
Hoje precisei sair, coloquei um jeans que odeio e uma blusa quadriculada que tava jogada na estante. O caminho até o supermercado não passa de um quarteirão, ele fica logo ali na esquina, mas passei aproximadamente uma hora fora de casa pois as faltas me vieram na porra do horário pico. Já enjoo vendo a quantidade de carros ao lado de fora do razoável prédio iluminado. As pessoas abastecem-se ali, é até meio humilhante mostrar suas compras às outras pessoas, essas dizem muito de cada um. Um casal comprando duas lasanhas que estão na promoção com uma coca cola de 2l, uma senhora com um pacote de papéis higiênicos, uma mulher com cabelos curtos e cara de cansaço carrega um carrinho com diversos produtos repetidos e empilhados... vejo reflexos a serem consumidos em cada prateleira.
A fila do caixa rápido dobrava três vezes no inadequado espaço. Dentro de duas horas, naturalmente, aquele espaço estará vazio, mas agora ela cansa em pé com gente se carregando nos produtos, suprindo-se e na espera para tal.
Levava comigo um pacote de café solúvel e um listerine (que na embalagem dizia ser 6x mais resistente), e, junto àqueles, indignava-me da espera. Bufos de demônios parecidos soavam quase calados uns com os outros na fila, um senhor metido a filósofo falava de calma criticando uma mulher que batia o pé com a testa suada, outro alternava a cesta de mãos.
Chegou minha vez. A mulher do caixa, com um lacinho na touca do cabelo e uma sombra azul, me recepcionou calada. "Boa noite", anunciei-me. "Boa", retrucou.
Paguei meus produtos, voltei para minha casa e cá estou, medíocre no sentido literal da palavra. Mediano e sem nada mais a dizer.

Ground control to...

Tapo um olho, escondo o outro
Alguém me arrebate?
A pressão não para de subir
Vou explodir em cinco, quatro, três...