segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Meu amor não acredita no meu amor

Meu amor não acredita no meu amor
Vê coincidências e mede consequências
Dança com as sobrancelhas, me canta timbres tristes
Me vira pra lua, me faz ver minha insuficiência de fazer acreditar

O quê mais posso fazer? Eu paro enlouquecendo e ando pensando
A casa com suas fotografias espalhadas ainda está lacrada com grades e senhas codificadas
(Eu estou dentro dela)
Mas as janelas estão abertas, e eu suspiro olhando por elas
Suspiro pelos cantos, não mais idealizando, mas amando
Amando meu amor, esperando sem pudor
Esperando sem ansiedade, esperando nossa plena felicidade

Acredita no meu amor?
Acredita, por favor
Você me enlouquece e se diverte sem acreditar
Nas minhas cicatrizes que secam com o açúcar moderado que você me dá

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A mão que me balança

Queria ter uma mamãe e um papai com uma margarina lacrada e posta à mesa, como não tenho, me sinto privilegiado, me sinto dilacerado e por vezes não amado, por vezes amado demais
Muitos extremos e muitos meios-termos

Queria uma mão de concreto me segurando, falando que as pessoas são as mesmas e que eu fui o escolhido pra daqui pra frente. Que é tudo o mesmo e que nós seremos diferentes

O pó, a morte, os oito, nove, anos de apodrecimento após. É só isso. O que impede de fecharem as cortinas? O que impede um meteoro universal? O que nos impede de aproveitar o amor?

Me segura, me leva na tentativa vã da compreensão pela utopia da imensidão
Não há nada, há pó, há nós
Há o que a gente quiser, o que vier. O querer, wannabe...

Carne em putrefação e o conta gotas que desconhece o cansaço, aberto ao acaso

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um

Eu também queria mais tempo, eu queria todo o tempo que me resta com você
Só assim eu seria feliz, só assim o tempo valeria a pena
Sou um bobo querendo provas pra te dar do que me sobrou, ainda há muito para você conhecer
Ainda existem coisas feias e bonitas
Eu pulso tanta vida, e ela pode ser só tua desde teus olhos e da tua textura
Nada mais importa, e eu giro pra querer tua felicidade
Não quero mais tristezas, às vezes me encho de incertezas

Sumo no calafrio, as pernas perdem o percurso, caminham sem vida
Me pergunto se você também sente o mesmo
Me rasgo e te rasgo sem querer
A gente tem o que aprender

Não me deixa sozinho, não me deixa sozinho, não me deixa
Escuta o grito do meu desespero calado, segura minhas cutículas e me abraça mais
Você me dá o seu máximo, eu quero mais e sofro mais por querer
Me mato mais por te amar

Me pergunto se você acredita na mesma intensidade que eu sinto quando renasço a cada instante, muitas vezes sem saber por onde começar

Hoje, mais do que nunca, sinto que os meus vários em um se juntaram à ideia do teu esqueleto que me é orgânico, sendo recheado a cada momento, a cada suspiro, rasgo, presença regada a suor e leve como algo que nunca senti para definir, como algo que nunca mais espero querer sentir
Desaprendi a possibilidade das outras possibilidades, agora só há uma, agora só há um

Do açúcar que eu deixo no teu pescoço

Eu só quero que você me veja bonito
Antes dos encontros marcados eu me preparo com bolo de chocolate e o perfume que você gosta
Nas surpresas, eu improviso, nem sempre fica bom
Mas eu sempre aviso, é amor, sempre amor

Vou andar vestido de açúcar desde hoje
Sempre preparado pra tua presença em meu delineado pensamento
Tão presente, me livrando de qualquer tormento

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Normal

A banda está passando lá fora, escuto um trompete frenético tocar e se afastar lentamente. Como luzes em túneis, como gritos que cessam porque o ar acabou. O começo e o fim, e o recomeço.
Eu não sou louco, sou normal, encontro identificação, até nas lacunas de falta de identificação. As pessoas são diferentes e normais.
Poderia disfarçar minhas letras fugazes com alguns pronomes e sujeitos trocados, mas hoje quero falar como eu mesmo.
O que acontece dentro dessa fragmentação (desde o começo do post), é que assim é como me sinto. Fragmentado, avulso em ideias e interferências que me cruzam. Um cheiro, um olhar que me afeta, suspiros que me perseguem, dias de fricções no abdômem por algo que vem de dentro e a vontade do tudo e do nada. Queria me entregar a alguma ideia específica e tê-la como norte, algo que me levasse à mim e que não me expandisse em tantas ideias que se esvaem. Queria pensar menos e querer ser menos.
Comentei essa semana com alguém que às vezes é como se olhasse para um ponto, soubesse como chegar nele (é très difícil, mas sei), porém não sinto vontade de. Estanco, sento e olho minhas retas perpendiculares de afetações. Respiro, suspiro, amo alguém que quero sempre, e fico voando comigo. Perceba, agora mesmo estou falando de tudo, e de nada. Estou falando dos meus ventos selvagens no alto do meu baixo rochedo. Estou falando de qualquer coisa, da vida.
Hoje minha mãe chorou enquanto dirigia, chorou que me deu dó (não pena, porque pena é feio). Chorou enquanto escutava uma música, gospel. Fiquei comovido. Ela tem fé naquilo, e aquilo a faz chorar por fé e vontade. Eu nem choro mais, principalmente na frente de gente, tenho medo de me expor sem a ajuda de Melpômene e Tália. Me guardo pro meu silêncio mórbido.
Vou sentando em escadas, olhando pra estrela que sempre me ajudou com a luz da paciência e acreditando que ali está um pouquinho do meu Deus. Na estrela, nas escadas, nos olhares, nas unhas roídas rodeadas de cutículas tenebrosas e feridas, nas dietas, na paciência e até nos cigarros, vou acreditando que tudo isso junto é meu Deus. O problema é essa fragmentação. Quando parte do meu Deus peca, parte de mim desaba. O problema é essa falta de foco em Deus. É preciso focar, mas eu não sei ainda. Eu não sei, não sei... eu só sei sentar e escutar meus ventos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Não me perguntaram quais referências eu quis ter pra hoje querer

O globo ocular desvia
As pessoas param de te amar na previsão da ferida aberta
Os rituais dos dias ímpares empurram meu abdômen
Nos dias pares se mostram amenos
Penso em repensar, a fumaça acalma, meu instinto me inala

Me trago a água gelada da derrota
Trago a rebarba da calma pra alma

Amanhã é dia par, quiçá respirar

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A 1/10 de palmos do teu nariz

Disse que você tinha que comprar aqueles óculos para seu astigmatismo, mas você não me deu ouvidos, me deu outra coisa. Acho que você compreende que as outras coisas não bastam quando não se vê com todos os órgãos, a clareza é necessária em tudo, a clareza moderada, pois todos de nós temos um pouco de astigmatismo.

sábado, 29 de outubro de 2011

Alinhavando

Então vou aprendendo a falar sua língua
Meus medos se esvaem aos poucos, junto ao medo de falar qualquer estupidez
Vou assumindo minha estupidez, saindo do superficial que você vê
O aprendizado é cada vez menos árduo

Vou pisando em mim e algo vai aparecendo, algo que não consigo controlar ou julgar
Não sou católico, sou pagão
Sou desejo mas veja, também sou amor, sou todo amor, em cada unha ramificada

Vou sentindo o recheio das palavras, vou me preenchendo de ti, sem decepções
Eu me adapto, eu renego, não me importo. Não sou católico!

Tenho um leve medo, mas tenho tanto a dizer em cálculos inconstantes de horas apropriadas, ou não
Me vê, me fita
Eu tô gostando lento, posso dizer que estou amando?
Não me importo, não me importo, não te ignoro, eu te adoro, eu te amo

Eu brinco com as palavras e com teus olhos

Talvez eu não seja quem você pensa, ou versa e vice, mas o que me importa? O que nos importa?

Abençoo os mundos e nossos olhos
Posso sentir sua pulsação, você é humano! E como eu amo as pessoas
E como eu te amo por você ser uma pessoa, isso já me basta
Você já me basta para o amor, sem tempos ou julgamentos

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Desalinho

Como passar do limiar e ir além do tênue sustentado por imagens aleatórias?
Tenho medo
Até o presente passado me sentia preenchido em minhas fronteiras fortemente delimitadas
Você quebrou com todas e agora não sei o que virá

Você diz que não vai me machucar
Você já me é tão assustadoramente presente
Continuamente rodando em minha memória

Nunca fui de confiar muito em mim mesmo
Tenho pânico
A novidade no peito faz com que meu verbo caia de lado às 17h30 sob o crepúsculo com teu sorriso límpido
Quem é você que vem sorrindo na minha direção?
Nunca fui acostumado com isso, na verdade
Essa novidade me faz visivelmente imaturo

Quem é você, na verdade?
Já há tantos você por aqui, tantos ecos que me cruzam em perpendicular

Quem você pensa que é me invadindo?
Meu pobre corpo dormente não consegue aguentar
Vou sucumbir a qualquer momento
Não quero minha antiga angústia disfarçada de paz

Não se assusta com o cheiro do meu medo, apenas tenta me compreender
E, por favor, não me deixa tão facilmente

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Pára com tudo e não olha o difuso que nos persegue
Você não vê que esse tudo é um tolo espontâneo?
Não tenta me ensaiar
A gente tá aí pra ver no que vai dar

Somos dignos de dó dentro dessa dor recorrente
Tudo vem e acontece tão de repente
Se vincular ao que já foi é ir junto nessa inevitável escuridão

Você quer isso?

Tenho dó, crio nós por nós
Nos perdoa? Me perdoa?
Tudo isso é nada, besteiras são nada e a gente também
Tão feitos de pó para se ligar a nós

Olha pra mim e me abraça
Sou tão pobre quanto você, quanto eles

Essa é minha sinceridade
E de ti eu já tô cheio de saudades

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sim, prefiro, há algum problema nisso?

Sou digno
Sou-te indigno
Prefiro minha sinceridade carnal temporalmente atêmpora a tua completa hipocrisia espiritual

Bola de massa na esteira
Vai com o apresuntado ao teu lado
Cheira a putrefação e aguarda o juízo final

Eu vivo pra aquarius
Tu nada no mar das lamentações

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Kolene para as pálpebras

Hipocrisia fina, translúcida, sutil. Imperceptível aos olhos, mas não o suficiente para minhas veias, dedos e todo o meu lado esquerdo. Das unhas aos meus cabelos secos de espera, blondor, kolene, o caralho. Secos de tudo, exceto de tragos de esperança, lentos, lentos...
Vão à puta que pariu, voltem e me olhem, quero ver a fragilidade indo embora. Quero ir
Já pode ser agora?
Já posso chegar?
Arrumaram minha cama?
Entre os meus dedos já existem alguns calos significativos
Não precisa falar nada, absolutamente nada
Sinto como se também não precisasse, mas tudo bem, eu falo mesmo assim

Isso poderia acabar aqui, mas quero deixar uma coisa clara para mim
Em algum lugar da noite está você, tão tolo, tão embriagado de nada, tão vazio de tudo
Tão tolo, tão lindo
Falta um minuto para as três
Vou dormir no horário dos portais, me entrego
Já não quero o teu portal
Já não quero

São três em ponto, e você está, certamente, tão tolo quanto eu
Vou dormir

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Me pergunto até quando minhas digitais marcarão teu braço

Na noite de hoje tive vários sonos, me vi em sagas vazias para compor o meu despertar definitivo, agora com o pomposo e metido Sol. Na lembrança me vem o que se passou atrás do descanso, me vem você.
Eu lembro que fiz amor com tuas mãos, nosso suor era singular, não conseguia diferenciar a mistura que se fez da gente naquele tempo que virou espaço. Minha mão não se mexeu, minha mão morreu ali com uma leve paralisia acusando a falta de sangue. Tu me mandou o sangue através do calor, eu senti, eu recebi.
Acho que o que me mantêm vivo é o calor.
Eu percebi coisas, quando eu vi todas as coisas através do teu olhar fugaz, quando eu vi todas as poucas coisas.
Tua beleza me explica no silêncio o que eu não pedi pra saber, teu sorriso é, na verdade, um portal branco, neutro.

domingo, 4 de setembro de 2011

Conta gotas

Não vou nada bem
Não vou nada bem
Não vou nada bem

Acho uma pena esses olhos não conseguirem enxergar minha fragilidade
Eu ainda não pertenço à tudo isso
É o que eu mais quero
Mastigar essa carne que não tem sequer uma gota mais de sangue

Cansei dos mesmos rodeios
Só preciso me isolar nas horas certas
Só preciso ser agressivo nas horas certas
Dosar a vida não é fácil

Tudo isso me é presente mas ainda não é orgânico

Existe além de todos vocês?
Essas estátuas são gélidas e belas, porém gélidas

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Você é um escroto, mas tudo bem

As pessoas se encontram no que fazem e não no que são
As pessoas são muito dodóis nessa escassez de oxigênio para calcularem as inconstâncias de agir e agir
A maturidade não existe, só o costume conveniente
As pessoas estão mudando
Cuidado

domingo, 21 de agosto de 2011

A banda quer parar de tocar

Números frios
Conto as batidas
Olhos
Piscadas
Bate desde sempre
Lacrimejando sempre

Vontade de palavras

Dançando sozinho
Dor fina pra finalizar às 00h30 outro ciclo que não entendo

Sempre girando
Girando no espaço buscando a beleza no Cosmo

Como você se chama?
Eu amo pessoas
Eu sou uma pessoa
Me ama
Não quero esperanças
Não me faça cumprir
Não me esqueça

Minhas unhas crescem
O descuido das mãos revelam além dos sorrisos

Você escuta essa batida que não pára?
Você não se assusta?

O que te faz correr?
Não sei o que me faz parar
Queria saber andar

Você não pensa que essa música pode parar agora?
Você dança comigo até cessar?

Queria parar de dançar agora
Sozinho, pois você não existe

sábado, 20 de agosto de 2011

Não, obrigado. Pode ir embora

Cheguei em casa com cara de espanto perante o óbvio
Mas o óbvio não deveria ser óbvio?
O óbvio escrito, inscrito, transcrito, difere do suor
Sentir o dito é objetivar o óbvio

A subjetividade se esvai lentamente com as contrações em vigor
A respiração ofega
O visual recrimina tua liberdade ilusória

Alguém pode me tocar?
Alguém sente se eu sinto febre?
Me sinto queimar
Esfaleço aos poucos e o mundo se soltou da mão de Deus

Busco explicações
Até hoje não consegui uma sequer

Aperto dúvidas nos sonos corridos
Abro pensamentos sem rumo nas ruas de domingo

Seguindo vou, pulsando fico

Não há nada que você possa fazer por mim
Nem tente, será em vão

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A seção dos congelados no supermercado

Odeio sair de casa, é um martírio mesmo. Só de pensar em vestir a roupa, colocar o cabelo mais ou menos de lado, já hesito. Às vezes em vão, às vezes, quando falta o café, é necessário sair.
Hoje precisei sair, coloquei um jeans que odeio e uma blusa quadriculada que tava jogada na estante. O caminho até o supermercado não passa de um quarteirão, ele fica logo ali na esquina, mas passei aproximadamente uma hora fora de casa pois as faltas me vieram na porra do horário pico. Já enjoo vendo a quantidade de carros ao lado de fora do razoável prédio iluminado. As pessoas abastecem-se ali, é até meio humilhante mostrar suas compras às outras pessoas, essas dizem muito de cada um. Um casal comprando duas lasanhas que estão na promoção com uma coca cola de 2l, uma senhora com um pacote de papéis higiênicos, uma mulher com cabelos curtos e cara de cansaço carrega um carrinho com diversos produtos repetidos e empilhados... vejo reflexos a serem consumidos em cada prateleira.
A fila do caixa rápido dobrava três vezes no inadequado espaço. Dentro de duas horas, naturalmente, aquele espaço estará vazio, mas agora ela cansa em pé com gente se carregando nos produtos, suprindo-se e na espera para tal.
Levava comigo um pacote de café solúvel e um listerine (que na embalagem dizia ser 6x mais resistente), e, junto àqueles, indignava-me da espera. Bufos de demônios parecidos soavam quase calados uns com os outros na fila, um senhor metido a filósofo falava de calma criticando uma mulher que batia o pé com a testa suada, outro alternava a cesta de mãos.
Chegou minha vez. A mulher do caixa, com um lacinho na touca do cabelo e uma sombra azul, me recepcionou calada. "Boa noite", anunciei-me. "Boa", retrucou.
Paguei meus produtos, voltei para minha casa e cá estou, medíocre no sentido literal da palavra. Mediano e sem nada mais a dizer.

Ground control to...

Tapo um olho, escondo o outro
Alguém me arrebate?
A pressão não para de subir
Vou explodir em cinco, quatro, três...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O feliz

Quem é essa louca que sorri me lembrando um pudim de leite?
Não quero acreditar nessa felicidade de escape que Ela diz ser única
Não quero
Quero ser feliz sempre
Vou ser feliz
'Um dia ainda vai ser o meu dia!'

Ela diz que só assim dá certo
Quando se aceita o feliz de no máximo dez minutos...
(E ainda tem o tempo estimado de duração!!)

Ela diz, Eles dizem... Eu não digo nada, eu sinto o cheiro e vou andando no escuro
Prefiro
Os móveis empoeirados têm me deixado roxo mas... mas nada, é isso.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Uma gota suja a mais para não completar

Não tenho dois pólos, minha vida que tem vários
Meus pólos estão aqui, acolá
Eles me puxam, geralmente pra baixo
Quando alguém me tenta, eu, geralmente, despenco
Quando alguém me alenta, eu engulo lágrimas com os dentes trancados

Reafirmo dizendo que serei feliz
Me afirmo dizendo que não posso mais

Não sei, só vou até onde der
Onde é que vai dar?

Os seios onde nunca mamei fartamente não secaram de saliva suja
Fujo do útero que me pariu
Fujo pra minha própria puta interna que vive me parindo
Nas esquinas, nos postes, debaixo de pouca luz
Todos os aqui. Aqui, acolá
Me aborto e me nasço
Já não sei se devo me olhar

Quem vou olhar?
Alguém para olhar?

Dedos, mãos me tocam

O quê me provoca não suporta meu porte de feto podre já de aproximadamente três ou quatro meses atrás...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Desabafo de minha fugacidade cinza

Não tenho coragem de abrir a boca e falar que sou, mas sim que estou.
Estar no mundo não é ser, é estar. O to be ou o être deveriam ser claramente separados como no bom português.
Acho que você não sentiu o que senti ao andar pelos corredores e escadas que dão na porta, foi mais um ciclo, entende? Acho que você não entende as pessoas, você acha que entende com tuas pré-fabricações extraídas de uma criação cremosa.
Cansei de você, és cansável. És extremamente, corretamente, cansável.
Estou (não sou) me buscando além dos pretextos de vida, me re-invento no empírico e cruel labuta quase obrigatória que é a vida. Estou certo? Estou errado? Apenas estou tentando.
Fujo, dentro do necessário, de pior, melhor, certo e errado. Encontro, dentro do necessário, o necessário em mim.
Preciso do eixo.
Preciso, por vezes, de pretextos.
Sou atrasado nas fases, perdão... estou!
Um dia não estarei, mas esse dia pode não estar futuramente presente.
Desabafo com motivo mas sem objetivo, só queria deixar claro pra mim mesmo nesse espelho, que é esse blog, que você me cansa.
Estou melhor. Hoje, agora, estou, e quase obrigatoriamente estou, fútil. Estou necessariamente humano, instintivamente nada.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Pré-sono diário

Tô perdido
Acho que fiquei em alguma fase, talvez a oral ou anal
Não sei, as coisas passam a um palmo, fico zonzo
Olá?
Alguém além dos chocolates?
Alguém além das paredes?
Escuto eco, escuto meu vazio

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Só mais um dos dias sólitos

Correr; deslizando, acudindo, atraindo
As pessoas só te olham quando há sorrisos
As pessoas não te olham quando olham só sorrisos
As pessoas são só pessoas
Os indivíduos são mais em cima e recatados

Sofro calado
Sofro correndo parado

Vontade barrada sem água fluida
Fragmentos de dias desembocam nos meus olhos

Fui embora mas logo volto

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O mesmo

Passe amanhã, hoje só quero ser fraco
Ando andando querendo deitar em asfaltos, ruas desertas, passeios, praças...
Ando andando parado
Acordo querendo voltar

Tenho dormido bem pouco, comendo muito e necessitando de olhos que me abracem

Parei de contar as calorias
O chocolate tem feito parte da minha dieta saudável

Tenho medo do retrocesso
Armo a minha armadilha
Enquanto não me instigo com a ideia vou sendo fraco
Vou sendo id-êntico a alguém dentro de mim

terça-feira, 12 de abril de 2011

131 kcal para cada 25g

Dormir com sede
Comer chocolate e não beber água
Sonhar pensando em cessar o doce com tua saliva

terça-feira, 5 de abril de 2011

Fragmento da minha estrela solitária no teu infinito desconhecido que só é infinito porque desconheço.

Fica aí, eu fico aqui e pronto, vamos dormir que é tarde e o bonde não passa amanhã. Finge que eu te inalo enquanto eu te tenho sem você querer. Compreende? As estrelas pulsam no corpo infinito do céu e eu tô bem olhando-as sozinho, me deixa só que hoje eu tô Garbo.

domingo, 3 de abril de 2011

Pelo menos não contigo

Enquanto falei contigo dedilhei palavras
Enquanto falei contigo me percebi tão aberto pro que der e vier
Percebi que te gosto pouco
Mas é um pouco de verdade
Não espero nada, não suspiro querendo-te agora
Só te gosto

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pimentões azúis bebê around us

E quando dormir não dá mais jeito?
Antes era só dormir que passava, acordava tudo bem, andava, chegava ao destino e pronto... recomeçava a rotina.
Para ela os dias amanheciam como adormeciam: cansados.
As pessoas não têm obrigações, nem quando se amam. As pessoas só são pobre pessoas e pronto... o destino que às vezes se encarrega de perguntar um "tudo bem?" sincero sem as trivialidades tão recorrentes.
Os mesmos passos, os mesmos ares e trovões. Do nada choveu, mas de verdade, e não a metáfora clichê. Choveu, o céu fechou, tudo turvou.
Os pingos ensopavam a roupa que havia lavado noite passada, mas tinha que chegar no horário senão as pessoas não entenderiam. As máquinas não podem parar.
Andando pelas ruas e percebia a plantação de pimentões azuis que ali sempre estavam e sempre estão a dar de comer para as famílias do vale. Eles são mais de duas dúzias e medem pouco mais de um metro. Sempre a sorrir, sempre a se cumprimentar.
Enquanto andava, suspirava... pensando como seria bom medir pouco mais de um metro e comer aqueles pimentões azuis, fritos com óleo sem gordura trans e quiçá com rodelas de cebolas...
É uma pena.
Andava, já não se lembrava há quanto tempo andava, suas pernas nem dormente estavam mais! "Graças a Deus", suspirava aliviado por ter escutado os conselhos de sua mamãe: "Anda que depois de cinco dias andando você nem lembrará que ainda tem pernas", e assim estava feito, conseguia até sorrir.
Um homenzinho de pouco mais de um metro cruzava seu caminho enquanto carregava uma cesta que esborrotava pimentões azuis, "Puta que pariu", pensou, "não dará tempo eu seguir direto se ele continuar andando", tentou inventar fórmulas nos próximos quatro segundos de como continuar andando em frente sem que tivesse de parar e permitir que o homenzinho seguisse. Não havia jeito. "Ei", gritou, "Sai da frente!", o homenzinho parou e perguntou: "What?!"
AIOJAUGVBAHVJHABGKS SB HNM, ;;;;....
Ele, que já não era ela ou não se sabe o sexo parou e sentiu subir pela agora presente presença de seus pés uma energia queimante percorrendo seu corpo. Sim. A queimação fazia-se sentir em carne viva. As pernas estavam lá. Ele parado parou.
O homenzinho de meio metro, olhando-o começando a entender e segurando a cesta de pimentões, comentou: "Ah, você ainda é criança crescida, que nem Freud definiu com as suas fases orais, anais, priquitais, dedais, unhais, punhais, trivias... whatevia... agora que você só vai começar a diminuir até ficar do meu tamanho e colher pimentões azuis".
Ele, ela ou sei lá, gritou, e o homenzinho só o olhava. Caridoso, a criaturinha de pouco mais de um metro, sorriu e deu-lhe um pimentão, esse, azul bebê, tinha uma etiqueta: "Made in China".
Continua.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dentes e lábios

Hoje é um dia para o silêncio
Só me sorria
Quiçá um beijo na bochecha, só esses me são verdadeiros

terça-feira, 8 de março de 2011

welcome to the casonse.






Muros de pedra que protegem intimidades, relógios, livros e espelhos.
Espelho objeto responsável por mostrar, seja aguilo que queremos perder ou que não podemos suportar. Com suas molduras diversas espelham, mostram ou desmostram o além do provável olhar. Livros que desalinham pensamentos, alinham sentimentos, eixos e desleixos em planos paralelos inconcretos. E TUDO É inscrito no tempo, responsável por nos podar e nos fazer viver, comer, ler, amar e morrer.
E tudo é inscrito?

Fotos: Eduardo Bruno
Texto: Eduardo Bruno e Gabriel Matos

sábado, 5 de março de 2011

Sobre todas as coisas utópicas oder nein

Minha gestação já passou dos nove meses há muitos meses e as contrações ainda são fortes, faço força pra parir em um desespero pelo alívio mas meu corpo responde que não é a hora. Me pergunto perguntas tão utópicas que já me cansei de mim e tento relaxar. Imagino a cara de meu bebê, como ele será daqui a um dia, mês, ano... daqui a 50 anos. Ofego-ufu-ufu-ufu pensando que fiz o que estava ao meu alcance, tomei todas as vitaminas recomendadas. Respiro dentro, respiro fora. "Relaxar", como pode ser tão difícil fazer o não difícil? Penso nas crianças, nos textos, no presente, futuro, água, céu, vento, asfalto, computador, máquinas, barriga, ânsia, música, música, amor, pessoa, currículo, dentro, fora, fora, dentro, dentro, fora... sangue... sinto-o vermelho e quente entre minhas pernas, será que a placenta estourou? As contrações estão mais fortes, a coisa tá apertando, acho que chegou a hora, alguém chame o doutor! Alguém me leve, enfim deixarei-me ser leve?!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Copo vazio

Cambaleio a vida com suas crueldades inocentes
Quem é que inventou a vida assim?
É realmente pra ser assim?
Me rasgo diariamente para ser dela, e ela é minha?

Chego em casa
Subo as escadas
O céu azul clarinho
Tem uma só estrela no céu
"A minha estrela", a que sempre tenho o costume de fazer um pedido 3x
A olho desiludido
"Hoje não vou pedir nada, só beberei minha derrota calado e sem esperanças."
Mas é só hoje

Eu vou é acordar, dormir já cansou

Me entalo comigo sem saliva pra ajudar

Eu vou é dormir, amanhã preciso acordar e talvez respirar

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Quando tu irás me amar?

O quê é a noite cruzando o dia banhada de álcool em uma balada?
Na tontura da incerteza percebo-me lixo
Percebo-me almejando um beijo de meio minuto esquecendo a corte oferecida nos meus romances de poucos séculos passados
Percebo-me querendo entender
Percebo-me querer o fácil
Fácil atraso proporcionador de facilidade
Masturbação performática
Vejo, vejo, vejo.. quero estar lá
Re-vejo, quero estar lá?
Páro
Olho, re-olho, quero?
Roupas, álcool, facilidades, dancefloor
Quero colo
Quero amor com dor
Quero amor, fervor...
Quero olhos arrebatadores
Quero a verdade mesmo que ela seja uma mentira
Suspiro e saio correndo com álcool me corroendo
Eis-me aqui, querendo tua pele me comendo
E quem és tu?
Quando tu irás chegar?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Combinação

Essa frase simboliza minha dança lírica do presente momento
Danço parado
Danço calado
Meus olhos me entregam
Deixa eu me entregar?
Quero ser amarelo contigo e fazer nascer beijos lilázes

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Endorfina

Tanta coisa transbordando, é tanto sentimento bom e ruim, é tanto tanto
Ando meio à flor da pele
Queria sambar de olhos fechados entre uma multidão de desconhecidos
Queria saber sambar
Queria nascer pro samba e produzir felicidade como uma máquina humana do feliz
Queria só beijar beijo bom
Daquele tipo não muito molhado, demorado e pausado