terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Máquina de amor dietética

Pode me olhar, me chamar de infeliz
Pelo olhar, pela boca contraída ou pelos gestos fugazes
Reconheço a falência
Sofro com indecência
Sou indecente até para mim

Será que o Deus-homem ainda não inventou uma máquina de amor dietética?
Com tubos de endorfina light?
Calorias insignificantes como adoçante?
Será?

Pelo amor de Deus
Suprir as necessidades
Deixar a maldade abaixo de cinquenta por cento
Diminuir os olhares quando é passado o passado
Aumentar as possibilidades futuras sem ações passadas tão correntes
Recorrentes
Indecentes
Entes ligados por um infinito maior em tempo, mesmo que seja menor mas maior

Pelo amor de Deus
Suprir o amor sem pessoas mediadoras
Aonde existe um genérico eficaz?
Uma ideia fixa de que isso não é necessário, aonde eu encontro para organificar em corpo-mente?

Eu não aprovo o jeito que fui fabricado
Minhas peças precisam de manutenção
Qualquer erro me causa apreensão
E a saudade é um erro, um erro imperdoável

domingo, 6 de janeiro de 2013

Cafona

Vou espalhar bilhetes pela casa pra não me deixar me esquecer
Vou te tirar da minha cabeça, isso não vai mais me apetecer

Vou espalhar bilhetes pela casa com assuntos da vizinha ou da comida do gato
Dos meus deveres, dos meus quereres

Vou selecionar os verbos e desarmar a cilada
Só vou ser o primeiro
Colhendo as pratas nos restos da guerra
Descobrindo o impasse da queda

Falando o pouco para escutar o menos
Ver muito e não acreditar em nada

Do futuro desejado e contaminado pelo presente afetado
O passado será preenchido com meus lembretes banais das necessidades vitais