sábado, 27 de setembro de 2014

crônica do amor

não deu certo. os pingos de chuva marcam o visor do celular, compondo pontos furta cor, mágicos.
não deu certo a praia na madrugada, ao invés disso, o caminho me mostrou a solidão temperada.
meus lugares secretos, exteriores. o centro de tudo, as luzes neon, e eu aqui só. fumando um cigarro, bebendo uma nacional e mascando o mentos de frutas que estava esquecido no bolso. o mentos e o neon. juntos, impecáveis. com os pontos furta cor, perfeitos!
estou feliz, só e exterior. o melhor desfecho depois de tudo. pelo menos por hoje, mas um pelo menos bom.
estou nutrido, de proteínas e imagens. um gole da nacional para temperar e celebrar o presente. um gole! Acenda sua luz.

domingo, 21 de setembro de 2014

Assistindo você sem mim

Mais desamparado fico.
E incompreendo também o rótulo de orgulhoso. Não nego a possibilidade astrológica do orgulho de capricórnio. Mas será isso orgulho, nessas circunstâncias? 
Ter medo de sofrer, de novo, é um novo significado para orgulho? 
Não nego o afeto. Não nego, mas. E mais, não negarei isso que é tão maior que eu e que pode me destruir, e que me abala, mas eu não posso poder, não posso me permitir. Para quê? Eu já vivi isso mais de uma vez para poder estar falando agora. Já coloquei tudo em risco, e a troco de quê? De um presente incerto que já pertence ao passado, nostalgicamente lindo e triste, profundamente triste como eu não quero assumir, por já não existir. Mas a troco de quê desvirtuar planos com os olhos fechados? Já tendo tropeçado em buracos, na mesma floresta, e quebrado alguns membros que hoje não funcionam bem por causa disso tudo, que me arrebatou do céu ao inferno.
Não entendo mais nada, porém sigo o que é leve. 
Tudo me faz peso na tua falta, e se já não somos, e se é pesada a dor, que eu seja leve para acompanhá-la sem você.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

A bolsa

Falávamos de quadrados, que viravam outras formas estranhas, imprecisas. Do quadrado, e da loucura. De como, quando, as vezes, ao sair do quadrado, ou da forma estranha, a loucura te toma. Essa loucura que é vasta, excessiva. De como a loucura é necessária ser experimentada, saindo um pouco do quadrado, mas sem manter considerável distância do próprio quadrado. Quando considerável distância é atingida, o retorno é exaustivo, longo, cheio de quedas e de lições que podem ser cristalizadoras, traumatizantes. O ponto de mutação, a crise de idéias e sentimentos, o retorno e as decisões dentro do retorno. Falávamos, fumávamos, pequenos suicídios diários, grandes besteiras importantes, criadas. A mitologia de si, os rituais contemporâneos.

O quadrado de frente com outro quadrado, o choque. A relação, as ponderações do choque. As construções dos quadrados, as formas diferentes entre “megera” e “petulante”, do risco, das loucuras cruzadas, e até de possíveis interpretações equivocadas. Falávamos de processos, de experimentações -> distância -> surto -> queda -> retorno -> percalços -> destino (?)

O mal foi assunto, de como ele existe, existe o “sim” para o mal. O mal que não é o do julgamento social relacionado a moral, mas o mal energético, negativo. O amor, as sinapses caóticas, interpretações dispersas e fincadas. Os ensinamentos de tudo, do que fica. O que é esquecido, por motivos óbvios, não foi mencionado. Falávamos, andávamos.

Aí que, dobrando a esquina, roubaram minha bolsa. Pá.


(A prova. Uma lição cristalizadora, traumatizante, e aberta)