sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Kolene para as pálpebras

Hipocrisia fina, translúcida, sutil. Imperceptível aos olhos, mas não o suficiente para minhas veias, dedos e todo o meu lado esquerdo. Das unhas aos meus cabelos secos de espera, blondor, kolene, o caralho. Secos de tudo, exceto de tragos de esperança, lentos, lentos...
Vão à puta que pariu, voltem e me olhem, quero ver a fragilidade indo embora. Quero ir
Já pode ser agora?
Já posso chegar?
Arrumaram minha cama?
Entre os meus dedos já existem alguns calos significativos
Não precisa falar nada, absolutamente nada
Sinto como se também não precisasse, mas tudo bem, eu falo mesmo assim

Isso poderia acabar aqui, mas quero deixar uma coisa clara para mim
Em algum lugar da noite está você, tão tolo, tão embriagado de nada, tão vazio de tudo
Tão tolo, tão lindo
Falta um minuto para as três
Vou dormir no horário dos portais, me entrego
Já não quero o teu portal
Já não quero

São três em ponto, e você está, certamente, tão tolo quanto eu
Vou dormir

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Me pergunto até quando minhas digitais marcarão teu braço

Na noite de hoje tive vários sonos, me vi em sagas vazias para compor o meu despertar definitivo, agora com o pomposo e metido Sol. Na lembrança me vem o que se passou atrás do descanso, me vem você.
Eu lembro que fiz amor com tuas mãos, nosso suor era singular, não conseguia diferenciar a mistura que se fez da gente naquele tempo que virou espaço. Minha mão não se mexeu, minha mão morreu ali com uma leve paralisia acusando a falta de sangue. Tu me mandou o sangue através do calor, eu senti, eu recebi.
Acho que o que me mantêm vivo é o calor.
Eu percebi coisas, quando eu vi todas as coisas através do teu olhar fugaz, quando eu vi todas as poucas coisas.
Tua beleza me explica no silêncio o que eu não pedi pra saber, teu sorriso é, na verdade, um portal branco, neutro.

domingo, 4 de setembro de 2011

Conta gotas

Não vou nada bem
Não vou nada bem
Não vou nada bem

Acho uma pena esses olhos não conseguirem enxergar minha fragilidade
Eu ainda não pertenço à tudo isso
É o que eu mais quero
Mastigar essa carne que não tem sequer uma gota mais de sangue

Cansei dos mesmos rodeios
Só preciso me isolar nas horas certas
Só preciso ser agressivo nas horas certas
Dosar a vida não é fácil

Tudo isso me é presente mas ainda não é orgânico

Existe além de todos vocês?
Essas estátuas são gélidas e belas, porém gélidas