quinta-feira, 20 de junho de 2013

Out of fashion


De repente, o brasileiro sentiu orgulho de ser brasileiro, o cearense sentiu orgulho de ser cearense. Muitas vezes sem conhecer a História que apura os anos, a cultura em suas diversas manifestações. De repente, o cidadão massificado dentro da manifestação tem forma x de se manifestar, e se for y não vale, não é tendência, é “burro”, é “imbecil”, é des”curti”vel na rede social. O que está em alta é criticar de súbito a imersão da atualidade, as gotas d’água, por vezes tão ocas como as cabeças que vão permanecer no mesmo Estado.
O que dói é ver consideráveis x e y pecando nos bastidores e levantando bandeiras de justiça, é ver o frigorífico enaltecendo carnes pingando sangue, é ver. A mesma merda dentro de propósitos tão grandes, enormes. Tudo isso é necessário, mas a cegueira é filha da puta e esse é só mais um texto “atual”.
Talvez não seja eu que tenha que acordar, sempre pensei sobre questões, sempre imaginei respostas. Acorda você.

domingo, 16 de junho de 2013

Eu estou me encontrando

Esse espaço em branco me apavora, se é o que você realmente (ou nem tanto assim) quer saber. Pelo menos nesse momento, é esse espaço. O começo de um texto necessário e jogado em um link, como se fosse necessário, tão necessário quanto a vida. E quando a necessidade da vida é questionável durante os 22 anos, ela é banal para quem faz o “é” ser “é”. Dor alguma deve existir quando se tem 22 anos. Para criar também existe a responsabilidade do acaso, é apenas mais uma possibilidade no nada.

Para começar, eu só gostaria de esclarecer que nem um Graciliano Ramos teria sido tão impactante para mim quanto o seu texto timbrado em link. Eu iria aparecer, um dia eu iria, em um dia sem agenda mas iria, mas a sua verdade fina me obrigou a não adiar. A ser agora, na verdade, me obrigou a existir. E eu agradeço.

Também gostaria de esclarecer que desconheço o real destinatário, tão dúbio e com lantejoulas rapidamente disseminadas como um texto deve ser nos dias atuais. Nos dias high tech. Mas ele é meu. Assumo a biografia, reconhecendo a possível ironia do não ser. Mas é, e é, e eu dito agora. É meu.

Agora eu começo a existir.

E começar uma existência falando que não é fácil mantê-la é extremamente fácil. Mas não é fácil. Resumiria em dons capricornianos o que se passa nos bastidores da festa e nas justificativas de concepções de cada ação desencadeada em ancoragens muitas: os motivos das dores nas costas. Engula a saliva e cessa o cuspe de tirar o seu da reta através de palavras de lantejoulas, não seja docemente hipócrita, companheiro. Todos temos dores nas costas e elas nos fazem curvar de agonia no decorrer do vento mastigado, passando pelas horas. Cada qual reconhece as dores, e a real compreensão não existe. Fechem as faculdades de psicologia, já descobrimos tudo, os resultados são postados em um site de relacionamento virtual e nada mais resta. Não é assim, não é definível, e isso não borbulha de julgamentos para ti, pois com este parágrafo o que mais quero é anular julgamentos, esse é o super objetivo dessa cena dramatúrgica: mostrar que não vale a pena julgar. Mas eu entendo seu ego, e se aqui existissem rubricas, iria adicionar “(Ênfase.)” antes do Mas. Existe dor em tudo que observa e pensa. A dor é meu Deus agora e com ela eu me entendo, eu compreendo meu passado como tu compreende o teu e assim vai de cabeça pra cabeça. E olha, é cabeça pra caralho, o mundo tá cheio de cabeças, eu quase posso ouví-las pensando o tempo inteiro, sentindo a necessidade de morrer a cada segundo por criar essa imagem. As cabeças pensam e precisam parar de pensar, os pensamentos precisam ser domados pois Eles querem que a gente pense mais e cada vez mais, precisamos tomar decisões e separar o certo do errado que estão cotidianamente disfarçados em outras frases construídas. Tudo, em essência, é certo e errado e eu não sei mais, eu não me enquadro aí em algumas porcentagens que eu quero escancarar. Eu não me deixo corromper, nem que para isso eu precise ser odiado por quem é considerado amado pela massa que é tão insuportável para mim. Temos os nossos motivos, lidemos com eles. A preguiça compartilhada por nós tem limites estipulados no acaso, ela é criada, como a gente. Tudo é criado e modificável, menos a vontade de criar, e se algum momento eu não tiver a vontade de me criar na vida, diariamente, andando pelas ruas, sorrindo com a minha mais falsa felicidade e cumprindo horários, eu mereço respeito pela quebra, eu mereço me criar na dor da solidão, pois não vai existir nada mais sincero.

Alguma centelha de preguiça ou dor me cruza nesse momento, tenho vontade de parar de me escrever, de como alguém que ler isso pode compreender com sua cabeça que pensa dentro de si mas vou tentar esquecer e me concentrar em escrever para ti. “Nesse agora” eu te vejo como uma mão erguida para que eu possa ajustar um pouco mais minha coluna curvada e prosseguir. Compreende? Ando organificando os clichês e isso deve ser maturidade de alguma coisa, pois descobri, na "organificação" e não no ato de decorar algumas meias dúzias de palavras, que a maturidade não é plena e se assim for encarada, ela não existe. Mas ela existe, em partes.

Nesse momento não existem festas, nem ontem nem agora, encontro-me livre de algum bacanal que possa estar acontecendo. Na verdade, as festas são como o teatro, às vezes acontece. A festa – espaço, pessoas etc. – pode existir, mas nem sempre acontece. As máscaras existem, como os peformers em construção na vida, e dentro de uma festa eu não passo de um performer em construção, afetando minha máscara e sendo afetado, estando disposto até que a quebra aconteça, pelo acaso ou ocasionada. As máscaras são grotescas como o cansaço que elas ocasionam e quase nunca permitem a dor. As máscaras escondem e sempre precisam de mais, nem que precisem se utilizar de outras máscaras, neon ou foscas. Elas precisam de energia e se alimentam de qualquer matéria que pulse, certo ou errado, como urubus que precisam. E é necessário pois somos performers de um roteiro cheio de a prioris, ditaram e vivemos. É necessária a aceitação da agressividade para uma performance de êxito, o roteiro não é complicado mas as formas de torná-lo orgânico são perturbadoras. Nesse percusso somos verdadeiramente sós com nossa encanação cheia de defeitos, na solidão reconhecemos isso com algum sentimento que deve vir abaixo de felicidade, mais aproximado da ironia, e só assim sorrimos de canto de boca, com um sorriso quase inexistente e sarcástico do quão fodido é tudo isso, mas é isso. E aí eu te encontro, apertando minha encanação suja para que eu possa funcionar melhor, de alguma forma que você julgou ser a melhor e eu aceito, pois me identifico, e assim somos amigos, assim é definível no a priori do roteiro. Assim somos juntos, com posteriores construídos em gradual presente de promessas silenciosas de dor compartilhada e possivelmente compreendida na medida do possível de mentes similares.

Assim seguimos a existir, sozinhos. Na possibilidade da dor que, perante o acaso, derruba implodindo qualquer paradoxo verbal. Somos construídos, sozinhos. Juntos. Os moldes nos enquadram no miudinho do passinho de samba, bem jeitosinho com uma cuíca nervosa de fundo, quase silenciosa, e vamos seguindo feito gado humano retardado, criando para melhor ajustar o a priori cagado. Humanos com vida social, tendo que encontrar sabor para performar nas esquinas barulhentas, sendo aplaudido ou vaiado por motoristas metidos que são mais evoluídos e já podem correr. Temos que aprender a correr, no imperativo porque tem escrito dessa forma no outdoor. Vamos correr, mesmo que parados – e como eu já repeti essa frase, já tão cansada de mim, inevitavelmente cansada -.

Preciso me encontrar para sair dessa dor pontual. E, como a maturidade, ela não é definida com exatidão.

Eu estou me encontrando.



Para Honório Félix.