sábado, 29 de outubro de 2011

Alinhavando

Então vou aprendendo a falar sua língua
Meus medos se esvaem aos poucos, junto ao medo de falar qualquer estupidez
Vou assumindo minha estupidez, saindo do superficial que você vê
O aprendizado é cada vez menos árduo

Vou pisando em mim e algo vai aparecendo, algo que não consigo controlar ou julgar
Não sou católico, sou pagão
Sou desejo mas veja, também sou amor, sou todo amor, em cada unha ramificada

Vou sentindo o recheio das palavras, vou me preenchendo de ti, sem decepções
Eu me adapto, eu renego, não me importo. Não sou católico!

Tenho um leve medo, mas tenho tanto a dizer em cálculos inconstantes de horas apropriadas, ou não
Me vê, me fita
Eu tô gostando lento, posso dizer que estou amando?
Não me importo, não me importo, não te ignoro, eu te adoro, eu te amo

Eu brinco com as palavras e com teus olhos

Talvez eu não seja quem você pensa, ou versa e vice, mas o que me importa? O que nos importa?

Abençoo os mundos e nossos olhos
Posso sentir sua pulsação, você é humano! E como eu amo as pessoas
E como eu te amo por você ser uma pessoa, isso já me basta
Você já me basta para o amor, sem tempos ou julgamentos

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Desalinho

Como passar do limiar e ir além do tênue sustentado por imagens aleatórias?
Tenho medo
Até o presente passado me sentia preenchido em minhas fronteiras fortemente delimitadas
Você quebrou com todas e agora não sei o que virá

Você diz que não vai me machucar
Você já me é tão assustadoramente presente
Continuamente rodando em minha memória

Nunca fui de confiar muito em mim mesmo
Tenho pânico
A novidade no peito faz com que meu verbo caia de lado às 17h30 sob o crepúsculo com teu sorriso límpido
Quem é você que vem sorrindo na minha direção?
Nunca fui acostumado com isso, na verdade
Essa novidade me faz visivelmente imaturo

Quem é você, na verdade?
Já há tantos você por aqui, tantos ecos que me cruzam em perpendicular

Quem você pensa que é me invadindo?
Meu pobre corpo dormente não consegue aguentar
Vou sucumbir a qualquer momento
Não quero minha antiga angústia disfarçada de paz

Não se assusta com o cheiro do meu medo, apenas tenta me compreender
E, por favor, não me deixa tão facilmente

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Pára com tudo e não olha o difuso que nos persegue
Você não vê que esse tudo é um tolo espontâneo?
Não tenta me ensaiar
A gente tá aí pra ver no que vai dar

Somos dignos de dó dentro dessa dor recorrente
Tudo vem e acontece tão de repente
Se vincular ao que já foi é ir junto nessa inevitável escuridão

Você quer isso?

Tenho dó, crio nós por nós
Nos perdoa? Me perdoa?
Tudo isso é nada, besteiras são nada e a gente também
Tão feitos de pó para se ligar a nós

Olha pra mim e me abraça
Sou tão pobre quanto você, quanto eles

Essa é minha sinceridade
E de ti eu já tô cheio de saudades

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sim, prefiro, há algum problema nisso?

Sou digno
Sou-te indigno
Prefiro minha sinceridade carnal temporalmente atêmpora a tua completa hipocrisia espiritual

Bola de massa na esteira
Vai com o apresuntado ao teu lado
Cheira a putrefação e aguarda o juízo final

Eu vivo pra aquarius
Tu nada no mar das lamentações