quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Normal

A banda está passando lá fora, escuto um trompete frenético tocar e se afastar lentamente. Como luzes em túneis, como gritos que cessam porque o ar acabou. O começo e o fim, e o recomeço.
Eu não sou louco, sou normal, encontro identificação, até nas lacunas de falta de identificação. As pessoas são diferentes e normais.
Poderia disfarçar minhas letras fugazes com alguns pronomes e sujeitos trocados, mas hoje quero falar como eu mesmo.
O que acontece dentro dessa fragmentação (desde o começo do post), é que assim é como me sinto. Fragmentado, avulso em ideias e interferências que me cruzam. Um cheiro, um olhar que me afeta, suspiros que me perseguem, dias de fricções no abdômem por algo que vem de dentro e a vontade do tudo e do nada. Queria me entregar a alguma ideia específica e tê-la como norte, algo que me levasse à mim e que não me expandisse em tantas ideias que se esvaem. Queria pensar menos e querer ser menos.
Comentei essa semana com alguém que às vezes é como se olhasse para um ponto, soubesse como chegar nele (é très difícil, mas sei), porém não sinto vontade de. Estanco, sento e olho minhas retas perpendiculares de afetações. Respiro, suspiro, amo alguém que quero sempre, e fico voando comigo. Perceba, agora mesmo estou falando de tudo, e de nada. Estou falando dos meus ventos selvagens no alto do meu baixo rochedo. Estou falando de qualquer coisa, da vida.
Hoje minha mãe chorou enquanto dirigia, chorou que me deu dó (não pena, porque pena é feio). Chorou enquanto escutava uma música, gospel. Fiquei comovido. Ela tem fé naquilo, e aquilo a faz chorar por fé e vontade. Eu nem choro mais, principalmente na frente de gente, tenho medo de me expor sem a ajuda de Melpômene e Tália. Me guardo pro meu silêncio mórbido.
Vou sentando em escadas, olhando pra estrela que sempre me ajudou com a luz da paciência e acreditando que ali está um pouquinho do meu Deus. Na estrela, nas escadas, nos olhares, nas unhas roídas rodeadas de cutículas tenebrosas e feridas, nas dietas, na paciência e até nos cigarros, vou acreditando que tudo isso junto é meu Deus. O problema é essa fragmentação. Quando parte do meu Deus peca, parte de mim desaba. O problema é essa falta de foco em Deus. É preciso focar, mas eu não sei ainda. Eu não sei, não sei... eu só sei sentar e escutar meus ventos.

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